Pelo terceiro ano consecutivo, a ONG Somos, em parceria com a Visual AIDS, e com a Cinemateca Capitólio, se soma às projeções do Day With(Out) Art o evento de videoarte que acontece em várias cidades do mundo no 1º de dezembro, Dia Mundial de Combate à Aids.
Porto Alegre sediará o Dia Sem(com) Arte 2024, um projeto do Núcleo de Cultura da ONG Somos, com a Visual AIDS sediada em Nova York. O programa deste ano intitulado "O Vermelho Me Lembra…”, está composto por sete vídeos criados por pessoas de diferentes lugares do mundo vivendo com HIV.
O programa de 60 minutos convida os espectadores a considerar uma gama complexa de imagens e sentimentos em torno do HIV, desde o erotismo e a intimidade, a maternidade e os vínculos familiares, a sorte e o acaso, a memória e a perseguição. Os artistas utilizam paródia, melodrama, teatro, ironia e horror para construir um novo vocabulário para representar o HIV na atualidade.
O Vermelho Me Lembra… apresenta novos trabalhos recentemente comissionados de Gian Cruz (Filipinas), Milko Delgado (Panamá), Imani Harrington (EUA), David Oscar Harvey (EUA), Mariana Iacono y Juan De La Mar (Argentina/Colômbia), Nixie (Bélgica), e Vasilios Papapitsios (EUA).
“O Dia Sem(com) Arte é uma excelente oportunidade para conectar com o Dia Mundial de Combate à AIDS, por meio de obras sensíveis e profundas de artistas que abordam diferentes questões relacionadas ao passado e ao presente do HIV/Aids, em um espaço tão relevante para o cinema e para a nossa cidade como a Cinemateca Capitólio”, explica Sebastián Inostroza, coordenador do núcleo de cultura da ONG Somos.
O Day With(out) Arte, pelo seu título original, é realizado em parceria com museus, galerias, universidades e organizações de todo o mundo, apresentando exibições gratuitas no dia 1º de dezembro, ou em datas próximas, em mais de 150 locais.
A Visual AIDS é uma organização sem fins lucrativos com sede em Nova York que utiliza a arte para combater a AIDS, promovendo o diálogo, apoiando artistas soropositivos e preservando um legado, porque a AIDS ainda não terminou.
A ONG Somos, com 23 anos de atuação na cidade de Porto Alegre, realiza ações transdisciplinares, tendo como base os direitos humanos, com ênfase nos direitos sexuais e reprodutivos, a partir da articulação das áreas de educação, saúde, justiça, assistência social, cultura e comunicação.
SINOPSE DOS VÍDEOS
Querido Kwong Chi, de Gian Cruz
Em Querido Kwong Chi, Cruz cria uma carta em vídeo dirigida ao falecido artista Tseng Kwong Chi, baseando-se na experiência de viver com HIV na diáspora. Ao longo de continentes e décadas, o legado de Kwong Chi atua como uma âncora para Cruz entre as representações limitadas das narrativas Asiáticas nas histórias da Aids.
O clube da AIDS, de Milko Delgado
Tomando seu título de um episódio sensacionalista de uma novela, O Clube da AIDS percorre toda uma vida de imagens altamente estigmatizantes sobre o HIV e a Aids. Delgado brinca com várias estéticas —documental, terror, comédia— para explorar as diversas relações que teve com a Aids ao longo de sua vida.
A era do saber / Arranhadx, de Imani Harrington
A um professor é pedido que ajude uma criança pequena que foi arranhada e logo se depara com um dilema moral que expõe a verdade ou sustenta uma mentira. Com uma estética nostálgica, A Era do Saber / Arranhadx traça memórias de um passado da Aids que continuam a assombrar o presente.
Ambivalência: Sobre o HIV e a sorte, de David Oscar Harvey
Ambivalência: Sobre o HIV e a Sorte aborda a experiência desorientadora de existir com uma condição gerenciável que nossa cultura atual insiste em representar em termos de seu sombrio passado. Interessado em conceber o HIV de maneira diferente, o curta-metragem apresenta uma série de jogos visuais que fundem a iconografia do HIV e da Aids com símbolos populares de sorte.
O HIV se apaixonou por mim, de Mariana Iacono e Juan De La Mar
O HIV Se Apaixonou Por Mim narra a história de uma mulher com HIV que abraça sua sexualidade e se reconecta com seu prazer. Filmado com uma estética erótica, o vídeo reflete uma busca por justiça sexual e autonomia para as mulheres que vivem com HIV.
It’s giving, de Nixie
Através de vídeos caseiros, imagens de arquivo e paisagens de fantasia, it’s giving explora a conexão entre cuidar de uma criança e cuidar de uma comunidade em declínio. O que significa para uma pessoa HIV+ que carrega a história e o presente da crise da Aids em seu DNA cultivar uma nova vida?
PARAPRONOIA, de Vasilios Papapitsios
Papapitsios descreve PARAPRONOIA como uma "meditação sobre como podemos ou não, curar nos ambientes que nos adoecem, a partir da perspectiva de um marica neurodivergente infectado." Combinando autoficção com realismo mágico, Papapitsios reimagina humoristicamente as narrativas em torno da saúde mental e da doença crônica.
BIOGRAFIAS DOS ARTISTAS
Gian Cruz (ele) é um artista, pesquisador e trabalhador cultural filipino. Sua prática artística está enraizada na fotografia, na teoria da arte e na crítica, e intersecta com o cinema, a performance e o ativismo em torno do HIV/Aids dentro dos marcos do Sudeste Asiático. Ele colaborou com o Museu Nacional de Arte Moderna e Contemporânea da Coreia; Jeu de Paume, Paris; Fundação Picto, Paris; Palais Galliera, Paris; Musée de la Mode de la Ville de Paris; La Biennale di Venezia; Fundação Japão; Haus der Kulturen der Welt, Berlim; Bienal de Curitiba; Galeria Blackwood, Toronto; Pride Photo Award, Amsterdã; e 4A Centre for Contemporary Art, Sidney.
Juan De La Mar (elu) é advogade, ativiste HIV+ e artista colombiane. Seu documentário de estreia, De Gris a POSITHIVO, ganhou 16 prêmios e foi exibido em 52 festivais ao redor do mundo. Ele realizou performances no Museu de Arte Moderna de Bogotá (MAMBO) e foi selecionado para a Residência Cultural HIV 2024 no Centro de Arte Contemporâneo de Quito. Como ativiste, colaborou com a Rede Latino-Americana de Jovens HIV Positivos (J+LAC) e atualmente coordena a estratégia Cidades em Aceleração de Bogotá para acelerar a resposta ao HIV/Aids.
Milko Delgado (ele) é um artista transdisciplinar cuja prática cultural integra diversas formas de pesquisa e produção de conhecimento, principalmente nos campos das artes visuais, vídeo, performance, pedagogia e gestão cultural. O trabalho de Delgado explora as interseções entre o corpo e a natureza, abrindo um diálogo sobre identidade, colonialidade, extração, saúde e terra. Delgado se graduou na Escola Internacional de Cinema e Televisão – EICTV em Cuba. Sua obra foi exibida no Museu de Arte Contemporâneo do Panamá, Teorética (Costa Rica)/Fresh Milk (Barbados), Trienal de Arte Latino-Americana de Nova York e Centro de Artes Visuais (Denver).
Imani Harrington (ela) é escritora, autora e artista conceitual que documenta sobre as condições das mulheres desde os 25 anos. Foi editora da antologia Positive/Negative: Mulheres de Cor e HIV/Aids: Uma Coleção de Obras de Teatro (2002) e seu trabalho Love & Danger (1995) foi um dos primeiros a abordar o tema das mulheres e o HIV. Entre seus outros títulos estão The Communal Plays and Other Narratives, On Writing I, ISSHOWAT e House of Leaven.
David Oscar Harvey (ele) é psicoterapeuta e psicanalista em formação, residente na Filadélfia. Seu ensaio fílmico sobre a criminalização do HIV, RED RED RED, foi exibido em festivais de cinema e espaços artísticos internacionalmente. Seus escritos sobre identidade, HIV/Aids e cinema e mídias apareceram em diversas publicações. Harvey é membro ativo do coletivo de artistas e ativistas ¿Qué Haría una Doula del HIV?.
Mariana Iacono (ela) é assistente social, ativista midiática e educadora que trabalha há mais de 10 anos com redes de pessoas vivendo com HIV na América Latina e no Caribe hispânico. É co-fundadora de várias organizações de HIV na Argentina, incluindo a Rede Argentina de Jovens e Adolescentes Positivos (RAJAP), RAP+30 e a Rede Latino-Americana de Jovens Positivos (J+LAC). Atualmente, gerencia a estratégia de promoção e comunicação para a J+LAC, com foco em temas feministas e na construção de uma coalizão de jovens para o Cairo+20. Os escritos de Iacono foram publicados em Volcánicas, Midia Ninja, Vice, Anfibia, Tiempo Argentino, Hoja Blanca e Revista Nómada.
nixie (ela/elu) é uma artista multimídia transfeminina vivendo com HIV, escritora e mãe, com sede na Bélgica. Sua obra aborda HIV e genealogia, consentimento em espaços gays, a alegria da maternidade, o luto e a celebração da perda. Ela trabalha principalmente com mídias de texto, vídeo, performance, têxtil e pintura.
Vasilios Papapitsios (elu/ele) é escritor, cineasta e artista sediado em Los Angeles, originalmente do sul dos Estados Unidos. Seu trabalho transmuta estigma e trauma com um toque de fantasia. Vasilios já contribuiu para projetos da MasterClass, AwesomenessTV e a plataforma de mídia interseccional indicada ao Emmy, OTV - Open Television. Foi reconhecido como Escritor Notável no laboratório de roteiro OUTFEST 2021 e como artista-residente no projeto Through Positive Eyes da UCLA. Vasilios cria mundos estranhos, sinceros e fantásticos para explorarmos, misturando gêneros e borrando limites entre promoção, educação e entretenimento.
Domingo 1º de dezembro, às 19:00 horas
Cinemateca Capitólio
Rua Demétrio Ribeiro, 1085 - Centro Histórico, de Porto Alegre
Entrada Franca
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