Por Gustavo Bernardes* e Alexandre Böer**
No domingo passado (21/11/2010) foi publicado aqui nesse espaço um artigo que afirmava, em resumo, que a nossa sociedade estava sendo prejudicada pelo tipo de educação que se estava dando para meninos. Que o desestímulo às brigas entre meninos, ao confronto, às brincadeiras com armas, estaria criando homens covardes, que não aprendem a ser fortes e que o movimento feminista seria um dos responsáveis pela crise das masculinidades .
Será que é esse tipo de homem violento que o professor da UNISINOS defendeu é o que a nossa sociedade precisa? Será que já não temos homens suficientes com esse perfil?
O que dizem as mulheres que sofrem todos os dias violências físicas,sexuais e verbais de seus maridos? O que dizem os homossexuais que apanham, são humilhados e assassinados a cada dois dias no Brasilsimplesmente por não corresponderem ao comportamento de gênero esperado? O que dirão os judeus que são agredidos simplesmente por professarem uma determinada religião? Será que eles concordariam com as afirmações do professor?
A educação na família, na escola e na sociedade, inegavelmente, forma sujeitos. O incentivo a solução de divergências na base da violência física tem sido uma preocupação para o movimento feminista e para o movimento homossexual que tem procurado alertar educadores, pais e sociedade em geral para o problema.
A solução pela violência física resulta quase sempre em morte de uma mulher ou de uma lésbica, gay, bissexual ou travesti (LGBT). Desde2007 o número de assassinatos contra LGBT no Brasil cresceu 62%, sendo considerado o país com o maior índice de homicídios de homossexuais no mundo. Queremos que esses números aumentem?
No caso das mulheres a situação é ainda mais grave, a cada 15 segundos uma mulher é vítima de agressão e ela leva cerca de 10 a 15 anos para denunciar seu algoz.
Ao contrário do que afirmou o Professor, a educação para a violência não cria homens fortes, ao contrário, criam homens covardes, que batem em mulheres e agridem homossexuais e judeus nas ruas. É esse o tipo de homens que queremos? Por que homens sensíveis, que dialogam ao invés de agredir, que choram no cinema, que compreendem e não repreendem, que compartilham o cuidado da casa e dos filhos são vistos como homens fracos e menores que os homens machistas e homofóbicos?
Aonde podemos chegar com os homens violentos?
*Bernardes é advogado e Coordenador Geral do SOMOS Comunicação, Saúde e Sexualidade;
** Böer é jornalista e Coordenador do Núcleo de Comunicação do SOMOS Comunicação, Saúde e Sexualidade