Enquanto houver preconceito contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais no país, será necessário ter hotéis, companhias aéreas e passeios que se declarem “gay-friendly” ou sem preconceito, para que LGBTs tenham garantia de que serão bem tratados durante as férias, defende a presidente da Associação Brasileira de Turismo para Gays, Lésbicas e Simpatizantes (Abrat GLS), Marta Dalla Chiesa.
A Abrat GLS é uma das participantes da Abav – Feira das Américas, maior feira de turismo da América Latina, que terminou em São Paulo neste domingo, 8. O evento é realizado há 41 anos, mas é a primeira vez que dedica uma parte separada para o turismo LGBT, concentrando expositores nacionais e internacionais.
Desde 2004, quando foi criada, a Abrat GLS cadastra empresas que queiram receber o selo “gay-friendly”. Elas assinam um termo de ética se comprometendo a atender ao público sem preconceito. Muitas também recebem treinamento da associação.
Para Marta Dalla Chiesa, muitas e muitos LGBTs dão preferência a esses lugares para evitar situações desagradáveis.
“A comunidade gay quer se sentir à vontade nesses momentos de lazer, ser bem recebida e ter férias tão relaxantes quanto qualquer outra pessoa. E o preconceito existe,de maneira sutil ou escancarada”, diz.

O Pestana Rio Atlantica, no Rio de Janeiro; a rede de hotéis está na lista dos estabelecimentos ‘gay-friendly’ (Foto: Divulgação/Pestana)
Inclusivo, mas não exclusivo
Atualmente, são cerca de cem associados, entre agências de viagens, hotéis, companhias aéreas e empresas de receptivo. Poucos são dedicados exclusivamente ao público LGBT – caso do cruzeiro Freedom on Board, da Royal Caribbean.
Entre as grandes empresas e instituições na lista, estão a Rede Pestana de hotéis, a locadora de veículos Movida, as companhias aéreas Gol e Tam, o Ministério do Turismo de Israel e a SP Turis (empresa de turismo e eventos da cidade de São Paulo).
“Para nós, ser ‘friendly’ é importante, ser exclusivo, nem tanto. A tendência mundial é para esse turismo misto, que recebe bem todo mundo, inclusive os gays”, diz Marta.
Os poucos estudos que existem sobre esse mercado no Brasil comprovam que o consumidor brasileiro LGBT tem perfil parecido ao do internacional: viaja muito, dentro e fora de temporada, e tem muito dinheiro disponível para gastar nas viagens.
Ela diz que esbarra em dificuldades para convencer os empresários a se associarem e principalmente a divulgarem a iniciativa. “O empresariado brasileiro tem medo de perder clientes com isso, mas nós tentamos mostrar que esse medo é infundado, que se ganha um público leal e que não se perde.”
Fonte: Gay 1