Quais foram os principais desafios no cargo até agora?
Um dos principais desafios tem sido conhecer o funcionamento da máquina pública e a forma como a secretaria funciona. Nesse sentido, foi muito importante o planejamento que foi feito no início, logo que a Ministra Maria do Rosário assumiu. Foi possível o diálogo com outras áreas e conhecer o funcionamento das outras secretarias. Na coordenação LGBT sentamos com a nossa equipe, pensamos quais eram as nossas prioridades, quais eram as probabilidades de recursos que nós tínhamos e o que poderíamos fazer em parceria com esses ministérios. O segundo grande desafio foi pensar a campanha “Faça do Brasil um território livre da homofobia” que deve ter abrangência nacional. O primeiro lugar que nós divulgamos foi São Paulo. Queremos divulgar ainda no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Nordeste. Queremos levar esta campanha de enfrentamento da homofobia para todo o Brasil. Este foi um desafio por que primeiro nós não tínhamos o conselho LGBT estruturado, então nós não conseguimos contar com a participação mais efetiva da sociedade civil na construção da campanha. Agora contamos com a participação do das ONGs neste momento de levar a campanha até a ponta. Esta campanha tem uma questão fundamental que é divulgar o Disque 100 Direitos Humanos. A pessoa pode ligar caso sofra alguma violência ou se quiser informações sobre seus direitos. Nós temos 33 técnicos capacitados para fazer este atendimento, funciona 24 horas por dia, as pessoas podem ligar de celular e de telefone fixo. A partir deste serviço nós poderemos ter números e dados oficiais sobre a homofobia no Brasil, então a partir daí que a gente vai saber, tendo esses dados, quais os estados que estão tendo mais violações contra travestis, por exemplo, qual é o perfil da vítima, do agressor, etc. Com estes dados vamos poder construir políticas públicas mais eficazes para o enfrentamento da homofobia.
O Disque 100 é extremamente importante para coletar estes dados, mas é impossível não lembrar em outra ferramenta da Secretaria de Direitos Humanos, o Cadastro Nacional de Crianças Desaparecidas, que até hoje não funciona. Como vocês vão trabalhar para que esta atividade continue sendo bem executada e não acabe a mercê de trocas de gestão ou movimentos partidários?
Eu acredito que a Dilma vai cumprir com os compromissos que assumiu durante a campanha. Não posso falar por ela, mas tenho certeza disso. Entretanto, ela não assumiu nenhum compromisso em ser conivente com a violência. O compromisso dela tem sido o contrário. Na posse ela assumiu o compromisso com os Direitos Humanos e estender o direito ao casamento aos homossexuais e combater a violência contra essa população é defender os Direitos Humanos. Esta tem sido a linha da Ministra Maria do Rosário: enfrentamento da violência e a defesa dos direitos civis de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais.
Existe algum planejamento em relação à II Conferência Nacional LGBT? É garantido que ela saia em novembro?
Essa conferência precisa ser aprovada pelo Conselho Nacional LGBT. A partir disso o conselho aprovará a data e o tema e a partir da aprovação disso vai se construir um decreto para a convocação das assembléias municipais, livres, estaduais e a nacional. Não queremos fazer isto sozinhos, mas em conjunto com o conselho e os gestores locais e estaduais. O trabalho destas pessoas tem que ser respeitado e temos que ouvir as pessoas que fazem um trabalho excelente nas suas cidade e estados e que podem contribuir muito para que esta conferência seja um sucesso.
A Secretaria está acompanhando a implantação do Plano Nacional LGBT?
Sim. Estimamos que, no mínimo, 60% do plano tenha sido executado. Queremos prestar contas efetivamente à sociedade civil e ao conselho. Então nós pedimos para o Secretário Executivo André Lázaro fazer uma reunião com os secretários executivos de outros ministérios onde pedimos que nos dessem um relato de como estaria a execução do Plano nestes ministérios. Estamos construindo isso para apresentar ao conselho o quanto antes. E nós também estamos fazendo nosso dever de casa dizendo o que nós fizemos, o que nós não conseguimos fazer e onde a gente precisa avançar. Nós temos a intenção de publicar este material em formato de prestação de contas e para que a Ministra entregue este material para movimento social na Marcha contra a Homofobia no dia 18 de maio.
Em função dos últimos cortes do orçamento da união, existem recursos previstos para execução de projetos pelo Movimento Social?
O orçamento não foi liberado ainda, então não sabemos a extensão dos cortes. Não sabemos se teremos recursos para o Movimento Social e até que ponto os cortes vão atingir o nosso orçamento.