Danilo Ferreira (Tenente da PM-BA)*
A Marcha da Maconha é um movimento já conhecido nacionalmente, principalmente pelas tentativas reiteradas de proibição que alguns governos tomaram para que a Marcha não ocorresse em suas ruas. O movimento nada mais é que uma proposição à sociedade de mudança de legislação, similar às manifestações que os policiais fazem reivindicando mudança de plano de carreira, mudança salarial, etc. No caso da Marcha, a proposição é a legalização do consumo e comércio da Cannabis Sativa no Brasil. Num Estado de Direito, é legítimo e desejável que os grupos sociais defendam seus interesses (e os da sociedade) de modo pacífico.
Neste contexto, me surpreende a notícia que O Globo divulgou hoje, informando que participantes da marcha da maconha foram presos e autuados por estarem distribuindo este panfleto:
Não posso ser leviano e condenar os policiais envolvidos na ocorrência. Não sei ao certo em que contexto se deu a prisão, mas se ela decorre apenas da distribuição dos panfletos por parte dos manifestantes, ela foi injusta e desnecessária, ilegal, desrespeitosa a todos aqueles que enaltecem o direito à liberdade de expressão e o próprio Estado de Direito. Se não se pode reivindicar mudança legislativa no país, estamos fadados à manutenção dostatus quo, e questões como nossa PEC 300, por exemplo, caros policiais, estarão condenadas eternamente à condição de sonho inatingível.
A Marcha é legal e legítima, por isso faço a defesa de sua existência, que se confunde com o meu direito de propor reformas legais. Ao mesmo tempo, sou a favor do pleito defendido na Marcha: a legalização do consumo e comércio da maconha. Só espero não ser preso por causa disso.